terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

TÉCNICA DE ENTELAGEM COM DOPE

A entelagem com dope requer além de paciência, alguns cuidados, pois é o acabamento do modelo que está em jogo e a aparência final vai depender desse estágio de montagem. Essa parte da construção de modelos requer uma certa experiência. No entanto, com algumas dicas e um pouco de paciência é possível, até para os iniciantes, fazer um trabalho muito bom. Dividimos o processo de entelagem em 5 partes, a fim de melhor compreensão: - Preparação da superfície - Aplicação da base - Entelagem - Preparação para pintura - Acabamento PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE Em um ambiente de trabalho bem arejado e iluminado, e antes de darmos início ao processo de preparação de superfície, é necessário assegurar que o modelo esteja preparado para a entelagem. Adicione cantoneiras e reforços nas partes mais fracas do modelo como por exemplo nas pontas de asas, cantos dos estabilizadores, do leme e do profundor, nas quinas e junções da fuselagem e todas as partes que julgar necessário. Isso irá prevenir o empeno da madeira em função das tensões que serão submetidos pela entelagem. Com lixa #150 para madeira, de preferência a Free_cut da 3M ou No-Fil da Norton, lixe todas as partes cuidadosamente para deixar a superfície bem lisa e eliminar todos os acúmulos de cola. Aplique agora uma camada bem fina de Dope diluído com Thinner a 50%. Seja rápido sem perder o capricho, o thinner evapora rápido e o Dope pode empelotar em algum ponto. Após a secagem (+/- 1 hora) lixar com lixa #220 para obter um pré-acabamento superficial e remover as farpas de madeira levantadas com a primeira demão de dope. APLICAÇÃO DA BASE Agora a coisa começa a ficar boa: aplique pelo menos 05 (isso mesmo, cinco!) demãos finas de dope puro na área que receberá a entelagem. Aguarde no mínimo 30 minutos de intervalo entre cada demão, se o dia estiver quente e seco. Para dias frios e úmidos, este tempo deverá ser maior. Passe o dope por toda superfície que terá contato com o papel ou tecido de cobertura. Não se esqueça das nervuras e longarinas, nem de avançar o suficiente nas áreas chapeadas, para que o material tenha uma boa aderência. Se o Modelo for elétrico ou houver preocupação com o peso final do conjunto, aplique somente no contorno, deixando as nervuras e longarinas livres. Aguarde agora a secagem da última camada, com um tempo duas vezes maior do que os intervalos entre as demãos. ENTELAGEM A seleção e preparação do papel ou tecido é a próxima etapa. PAPEL: Como regra, procure utilizar somente papel de seda do tipo japonês que é vendido em lojas de modelismo. Papel de seda comum, apesar de uma maior variedade de cores, é menos resistente e fatalmente desbotará de maneira irregular quando o dope for aplicado. Claro que não será problema se o modelo receber uma pintura posterior, mas para modelos como os elétricos onde o papel e dope já são o acabamento final, a coisa complica. O lado brilhante do papel é o que ficará exposto. Uma outra excelente opção é utilizar o Silkspan, um tipo de papel formado por longas fibras de celulose ou compostos que conferem maior resistência ao material. Um pouquinho mais pesado que o papel de seda, mas vale a pena por sua resistência e acabamento final. Nos dois casos acima, procure orientar as fibras do papel , de modo a não provocar um empenamento na estrutura, principalmente nas asas, pois esta orientação determina qual é a dimensão do papel que esticará mais quando é pulverizada a água sobre o mesmo. No Silkspan normalmente as fibras estão dispostas de maneira aleatória, mas uniforme, o que evita distorções ou tensões diferentes durante a secagem. Para identificar facilmente qual é o sentido das fibras, coloque o papel contra a luz, dá para ver os pequenos riscos como se fossem veios de madeira. NYLON: No caso de haver escolhido entelar com tecido tipo nylon ou outro material similar como por exemplo a organza, procure sempre aqueles mais leves de fio mais fino e com a estrutura a mais fechada possível. Estruturas abertas com aparência de peneira farão com que seja necessário aplicar muito mais dope para fechar a porosidade, aumentando assim o peso do modelo, além de prejudicar no acabamento final. Sempre oriente a malha (trama x urdume) de maneira que estejam a 45° de inclinação com relação às longarinas e nervuras. Isso evita empenamentos e confere maior resistência. Voltando ao processo de entelagem: Após a secagem da última demão da camada base, o Nylon, Silkspan, Papel Japonês, ou qualquer outro material que permita a entelagem com dope (o processo é o mesmo para todos), já devidamente cortado na medida aproximada da área a ser entelada, com certa margem para manipulação, deverá ser fixado na superfície o mais esticado possível. Prenda-o com alfinetes. Muito cuidado nessa etapa, pois é fundamental para um acabamento perfeito. Vale lembrar que para evitar o arrasto e esconder as emendas é recomendável começar a entelagem de baixo para cima e da cauda para a proa do modelo. Uma vez tudo no seu devido lugar, aplique com um pincel de cerdas firmes mas relativamente suaves, thinner puro sobre o tecido ou papel somente na área em que o dope foi aplicado. Em outras palavras, aplique o thinner aonde o papel ou tecido tenha contato com a madeira. Cuidado, não deixe escorrer pois pode prejudicar a colagem do modelo. O thinner irá “dissolver” o Dope anteriormente aplicado, fazendo com que penetre nos poros do tecido ou papel para adesão; Após alguns minutos de secagem, pulverize água em pequenas proporções apenas para apenas umedecer o papel e deixe secar à temperatura ambiente. Fique atento à secagem e dê uma atenção especial às asas e estabilizadores, com a evaporação o papel começará a esticar muito rápido e isso pode causar algum pequeno empeno, para evitar esse tipo de coisa basta torcer a superfície no sentido contrário ao empeno antes da água secar por completo. Nunca tente utilizar secadores de ar quente ou deixar exposta ao sol a superfície em que a água foi pulverizada, isso pode fazer o papel esticar demasiadamente e o empeno será inevitável. Depois de totalmente seca a água, poderá agora aplicar uma ou mais camadas finas de dope por TODA a superfície entelada, de maneira a fechar toda a porosidade do material, deixando-o apto para receber a pintura; PREPARAÇÃO PARA PINTURA Após a secagem total do dope, 48h no mínimo, e haver conferido que não houve empenamento estrutural, podemos iniciar o processo de preparação para o acabamento final. Se for pintar o modelo, lixe com suavidade com lixa #360 ou #400 para uniformizar a superfície e permitir um bom acabamento superficial. Cuidado para não cortar a entelagem junto às nervuras ou arestas. Se o modelo não for receber pintura, por exemplo no caso de elétricos, lixe com lixa #600. Não utilize lixa d’água, pois não teremos condições de molhar a superfície para evitar o empastamento da lixa, além do que é a água que lhe confere flexibilidade. No uso a seco, a lixa d’água torna-se rígida e quebradiça. Continue com as lixas secas (Free-Cut ou No-Fil). Remova agora toda e qualquer poeira e vestígios do lixamento. No caso da pintura, aplique como fundo uma fina camada de Primer Rápido Universal de boa qualidade, assim poderá aplicar qualquer tipo de tinta sobre o modelo e de quebra, realçará a pigmentação da cor da tinta escolhida. Aplique o Primer bem diluído e com pistola de pintura ou aerógrafo. Uma fina camada bem uniforme elimina a necessidade de um novo lixamento, mas se houver necessidade, recorra novamente à lixa #600. ACABAMENTO Um acabamento “Old-Time” será conseguido com o uso de esmalte sintético para a pintura. Cuidado, pois como o solvente do esmalte é água-raz, poderá haver craqueamento da pintura se for aplicado diretamente sobre o dope. Por isso da importância de se utilizar o Primer Rápido Universal de boa qualidade. Mas se no afã de terminar logo o trabalho igualmente não permitirmos a cura total do primer, também poderá ocorrer o craqueamento. Não é necessário o uso de verniz sobre o esmalte sintético, pois este oferece boa resistência aos combustíveis. Se a tinta escolhida for automotiva, a base de poliéster, ou poliuretânica, não é necessário o uso do primer, mas igualmente recomendamos para um melhor efeito final. Por outro lado, será necessário utilizar verniz bi-componente para proteger o modelo da ação do combustível, e conferir-lhe brilho. Em qualquer dos casos acima, siga estes passos: -Dilua a tinta com o solvente indicado pelo fabricante. -Aplique camadas finas e sucessivas. Não tenha pressa. O resultado final compensará todo o tempo gasto. -Não carregue na pintura, estamos pintando um aeromodelo e não uma locomotiva. -De tempo de secagem entre as demãos (finas e leves) evitando que a tinta escorra. Se quiser um resultado profissional, após 24h de secagem, poderá polir o modelo e ter uma superfície espelhada. Para isso quebre toda a superfície com lixa #1200 ou #2000. Deverá obter um acabamento “embaçado”. Aplique pasta de polir n°2 seguindo as instruções do produto. Dê polimento com algodão até puxar o brilho. Encere com cera de carnaúba. Está pronto! Não valeu a pena? E por favor: Vá voar!!! De nada adiantou esta trabalheira toda para o modelo ficar pendurado na parede, não é mesmo? Boa entelagem a todos,

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