quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Técnicas adequadas e inadequadas
As técnicas aqui discutidas foram aquelas empregadas na produção dos dois modelos reparados, já que não há qualquer base, senão especulativa, sobre as demais técnicas utilizadas em outros modelos, ou apresentadas no site. De qualquer forma, felizmente em termos de aprendizado, dois modelos de épocas bem distintas tiveram de ser reformados. Desta forma, as técnicas empregadas no Fokker Wolf eram bem diferentes daquelas empregadas no Spitfire, já que se tratam respectivamente de meu 2o e 6o modelos. O spitfire fora o primeiro em que empreguei a técnica de lâminas e armação em cruz descrita no site, enquanto o Fokker fora construído através da colagem de sólidos primitivos.
Um terceiro modelo, ainda em fase de produção, permaneceu 6 anos guardado, tempo em que estive mais ocupado com meu curso superior: o Hawker Hurricane, motivo da criação do tutorial de modelismo alternativo. Este modelo, guardado desprotegido, sofreu, é claro, ação do tempo e alguns danos. A reparação destes danos não foi muito dificultada, já que algumas peças como trens de pouso, hélice, flaps e ailerons ainda não estavam prontos. A reforma do Fokker Wolf mostrou-se bem mais complexa que a do Spitfire, até porque não foi feito nenhum reparo mais profundo no segundo, mas os reparos do Hawker Hurricane serviram de boa base para a comparação de reparos profundos entre os dois tipos de estrutura tratados. Tendo grandes espaços internos vazios, a estrutura em cruz do Hawker Hurricane e do Spitfire dificulta a aplicação de massas de preenchimento, e colagens internas que sirvam de artifícios para a reparação de um modelo. Imagine qual não foi a dificuldade em criar um novo suporte para a articulação dos trens de pouso do Hurricane em um buraco de difícil acesso, mas interiormente maior que um dedo... Este caso específico demonstrou que as antigas asas preenchidas de papelão grosso do Fokker wolf apresentavam uma estrutura muito mais consistente para a reforma de seus trens de pouso.
A experiência de reformar modelos, com técnicas bastante distintas abriu espaço para comparações e reflexões. Comparemos algumas destas técnicas.
A técnica dos primitivos sólidos e as armações em cruz:
A técnica dos primitivos sólidos consiste na colagem de cones, cilindros e prismas, entre outros sólidos geométricos primitivos, de dimensões que se assemelhem à silueta do objeto modelado. Novas peças vão sendo coladas sobre as anteriores, para fazer qualquer ajuste necessário, como dar aspecto elíptico a um cilindro, sem ter de deforma-lo após sua colagem. A colagem de peças em série, ou seja, um cilindro atrás de um cone, ambas com o mesmo espaço interno, era feita através da colagem de uma bucha de papel, ou um recheio de papelão grosso. Esta estrutura confere bastante resistência e rigidez à peça modelada, mas a sua execussão, e especialmente a replicação das seções transversais do objeto modelado são bastante difíceis.
A técnica das armações em cruz consiste na colagem lâminas no formato de quartos das seções transversais de um objeto (quadrantes cartesianos) sobre uma armação em cruz, a qual cada um dos eixos possui a forma da silueta do objeto modelado, visto de cima e de lado. Esta forma de construção facilita muito a replicação da forma do objeto modelado, dentro de uma amostragem que corresponde às seções transversais conhecidas. Do ponto de vista da precisão, esta técnica torna a anterior obsoleta.
Quanto à resistência da estrutura contra danos causados por tombos, ou ao peso do próprio modelo, pelo menos para aqueles de dimensões pouco avantajadas, as duas estruturas mostraram-se bastante estáveis. Aparentemente, a técnica de primitivos sólidos constrói um modelo bem mais resistente que as armações em cruz, mas eu nunca enfrentei alguma situação que pudesse me provar qual das estruturas é mais eficiente. A sua escolha dependerá apenas das preferências do modelista.
Quanto à facilidade de reforma do modelo, a antiga estrutura de primitivos sólidos, com seu recheio interno bastante compacto exige o uso de ferramentas especiais para realizar escavações no modelo. Esta dificuldade, entretanto, torna-se benção no momento de reparar peças como articulações, que encontram naquele substrato, uma base sólida para a fixação de pinos, eixos e dobradiças. Como dito anteriormente, a armação em cruz, com seus enormes espaços abertos, exigirá a aplicação de muita massa de preenchimento, ou a colagem interna de papelão grosso, borracha ou outros anteparos que sirvam de suporte para estas articulações.
Diante do acima exposto, parece que o mais sensato é combinar estas duas técnicas na produção do modelo, de forma a rechear os espaços vazios da armação em cruz, naqueles lugares que receberão peças de articulação, que sofrem tensões.
Preenchimento com massa de serragem e cola
A massa de serragem e cola forma uma estrutura muito resistente, assemelhando-se a peças maciças de madeira, pouco sucetíveis a deformações. Esta estrutura é, entretanto, um pouco grosseira, e pode dificultar reparações. É importante considerar que esta massa de preenchimento normalmente elimina a necessidade de reparações em seus arredores. Sugere-se substituí-la por outros materiais mais finos, permitindo mais fácil reparação e corte, ou mesmo derretimento. Esta massa deverá ser evitada na presença de articulações. Seu tempo de secagem também é muito inadequado, sendo aconselhável substituí-la por outros preenchimentos mais rápidos. Sua única vantagem é a alta resistência.
Uso de dobradiças metálicas e de papelão
O papelão, como material para dobradiças, classifica-se no grupo dos materiais frágeis. Seu uso nesta função, portanto, deve ser banido definitivamente. Já as dobradiças metálicas são de mais difícil construção, mas muito resistentes, e de mais fácil reparo. Se acompanhadas de lubrificação, e devidamente ajustadas, não devem causar problemas. Elas são a opção mais recomendável para a articulação dos aviônicos.
Uso de madeira
A madeira, aplicada como suporte de trem de pouso, classifica-se no grupo dos materiais frágeis. Esta também não é muito resistente a tensões, embora não seja errado o seu uso para a fixação de asas. O procedimento de fixação por via de feixes de madeira cria uma estrutura ajustável no momento da colagem. Posteriormente a colagem externa da asa dará suporte à mesma, praticamente eliminando a necessidade dos feixes de madeira internos (normalmente palitos de dente). A asa se estruturará, portanto, em seu próprio papelão, que classifica-se neste caso como material flexível, já que a estrutura do conjunto suporta muito bem o peso do modelo, evitando deformações.
Empenar as asas durante colagem de cobertura para ajustar ângulos
Este método de fixação das asas consiste em submeter o corpo do modelo, juntamente com sua asa a uma tensão capaz de situa-los em um dado ângulo correspondente a aquele existente entre a asa e o corpo do objeto real. Este método era necessário para o ajuste das asas de modelos construídos com primitivos sólidos. Posteriormente, com a introdução dos feixes de madeira para a fixação, este trabalho se tornou praticamente desnecessário, a menos que após a colagem externa da asa, fosse verificado algum erro no ângulo de fixação da asa.
Esta técnica não cria dificuldades específicas quando os reparos forem executados alguns anos depois, já com o papelão sob efeito de fadiga. Do contrário, cortes na superfície podem causar deformações nas peças, que sob tensão, sofreriam torção.
Como um modelo não é criado com o intuito de ser restaurado, pelo menos a curto prazo, não existe problema em empregar esta técnica. De qualquer forma, sugiro evitá-la, utilizando-a apenas quando for estritamente necessário realizar algum ajuste forçado.
cobertura
O revestimento deve ser aplicado sempre antes da pintura como base para a mesma (impermeabilizante), e depois desta como proteção (verniz). Sua aplicação deve ser a mais uniforme possível, e preferencialmente deve-se aplica-lo também nas partes internas do modelo. Nunca deve-se aplicar o revestimento, entretanto, antes da colagem de novas peças, para garantir a correta colagem. O revestimento necessitará sempre ser removido do local de reparação para possibilitar a colagem adequada das novas peças sobre as superfícies, mas nunca deve deixar de ser aplicado. No caso de pequenos reparos, sugere-se retocar o revestimento nos locais afetados.
cobertura com papel
A cobertura com papel sobre papelão é muito eficiente na reparação de emendas mal feitas e ocultação de pequenos defeitos e irregularidades. Na hora de efetuar um reparo, entretanto, ela é bastante problemática, pois tende a se deformar quando cortada justamente sobre o defeito que ela ocultava. Nestes casos é muito recomendável proceder à aplicação de massas de preenchimento nas fendas. Além disso, o uso de lixas sobre as superfícies pode causar o descolamento parcial e/ou o rasgamento de camadas de papel colado, formando escadas que deverão ser removidas da superfície com massa ou lixa mais fina. Infelizmente não é possível evitar este método, já que este é um mal necessário à composição estrutural do modelo, especialmente no ajuste de ângulos. Devemos evitar a técnica sempre que possível, mas será impossível, pelo menos no momento, baní-la!
Uso de metal
Metralhadoras de metal podem causar estragos extensos no caso de quedas. O mais sensato é utilizar madeira (palitos de dente e de fósforo) em seu lugar. A vantagem da madeira neste caso, é que ela se quebra com facilidade, evitando que a força do impacto se transfira ao papelão onde ela está fixada, o que causaria seu rasgamento.
As peças articuladas, entretanto, devem ser feitas preferencialmente de metal, já que sofrem esforços e tensões, normalmente necessitando ser muito mais resistentes.
Folgas das peças
É bom manter uma folga mínima das peças articuladas para que estas possam se mover livremente sem causar deformações inesperadas, e para que permitam percolagem de óleo. Peças demasiado justas sofrerão desgaste excessivo, assim como as demasiado frouxas, que além de tudo, não funcionarão corretamente. Basta rerspeitar o limite da funcionalidade.
Superfícies lixadas
É bom lixar superfícies a serem coladas, especialmente com adesivos vinílicos como cola branca. Isto garante uma aderência maior, evitando descolamentos futuros, especialmente durante a manutenção. Deve-se atentar, entretanto, para a homogeneização das superfícies lixadas externas, de forma a permitir a fixação uniforme da base impermeabilizante, que não se aderirá corretamente às regiões com pêlos.
Teoricamente, uma forma de eliminar os pêlos e homogeneizar as superfícies externas do modelo seria o polimento das mesmas. Infelizmente eu não conheço nenhum material capaz de polir a superfície do papelão. Uma alternativa seria recobrir o modelo com algum papel liso e polido como o sulfite. Isto, entretanto, aumentaria a espessura do modelo. O mesmo problema pode ser levantado quanto à aplicação de massa de modelagem (como massa corrida). Até o momento, a aparentemente melhor forma de homogeneizar as superfícies lixadas é justamente aplicar o impermeabilizante com pincel e espátula. Se realizado com os devidos cuidados, este procedimento tende a deitar os pelos presentes na superfície lixada, proporcionando uma base muito mais homogênea para a pintura.
Cola branca, super bonder e cola quente
A cola branca é a que oferece maior resistência na colagem entre superfícies porosas. Já o super bonder (original) oferece bom suporte a materiais lisos e à colagem de materiais lisos com porosos. O super bonder é uma base mais frágil que a cola branca, para os modelos alternativos, mas é bastante útil na fixação rápida de peças, podendo ser associado à colagem com cola branca, sem prejuízos a reparos futuros. Já a cola quente é aplicável apenas a preenchimento. Ela é de difícil manuseio, dificultando o trabalho de reparação, já que forma uma base muito firme, ou seja, um obstáculo muito maior à passagem do bisturi que as massas de serragem e massa plástica de modelagem. O uso da cola quente é recomendável quase que somente nas peças de lata, e como suporte para articulações baseadas em eixos que rodam dentro de buracos. Nestes casos, o simples aquecimento da peça de cola quente pode repara-la, ou remove-la, tornando-a uma grande aliada das reparações futuras.
Esquemas em escala correspondente
Mantenha sempre uma cópia seguramente guardada do esquema em escala correspondente ao modelo montado. Isto permitirá consultas posteriores para reconstrução de peças danificadas pelo tempo ou por acidentes.
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