quarta-feira, 12 de novembro de 2014
O que esperar de um decalque
Antes de pensar em produzir um decalque é conveniente questionar sobre suas características funcionais e visuais.
Para obter sucesso em seu trabalho, o decalque deverá ser de fácil aplicação, não causar alterações significativas no aspecto da pintura, como brilho excessivo sobre pintura fosca, ou alterações de cor. Este deve ainda possuir poder de cobertura suficiente para não transparecer desenhos ou cores do fundo. Deve possuir elasticidade suficiente para não quebrar a gravura ao ser manipulado, e ser maleável para adaptar-se a superfícies curvas, e por fim deve possuir boa aderência à superfície receptora, para garantir o sucesso da transferência da figura.
Passemos então para algumas proposições teóricas, que possam nos auxiliar na resolução de algumas destas necessidades.
Para garantir fácil aplicação, além de cumprir com requisitos como a maleabilidade, elasticidade e aderência, o decalque deverá possuir uma base de aplicação com área não aderente suficiente para seu manuseio sem tocar a figura. Você se lembra das velhas figurinhas do Ploc Monster? Elas eram decalcadas com cera, aplicada sobre o papel a partir de um dado ponto, deixando áreas sem cera em dois dos lados da figurinha. A solução para nosso decalque poderia ser a mesma...
Já para evitar alterações de cor ou brilho a solução acima mostrar-se-á insatisfatória, pois a base para decalque em cera presente nas figurinhas tinha fundo amarelado e brilhante. Para solucionar este novo problema, faz-se necessária a obtenção de uma nova base transparente, fosca ou pouco brilhante e bastante aderente à superfície receptora da figura. Observe que a base deve ser pouco aderente à superfície aplicadora, senão o decalque não será transferido.
Para compreender melhor estas exigências é necessário especular um pouco sobre o funcionamento das tintas e colas... Para que os pigmento de uma tinta se prendam a uma superfície é necessário que alguma força de atração ou atrito, ou mesmo uma barreira física mantenham-nos grudados na posição em que foram aplicados. Em muitos casos esta força ou barreira é exercida por uma emulsão que contém os pigmentos, e se solidifica com a evaporação de um solvente. Este é o caso, por exemplo, das tintas plásticas e acrílicas. Os pigmentos ficam imersos em uma base de PVA hidratada, ou material semelhante. Quando esta base é exposta ao ar, o solvente água ou álcool evapora, enquanto o PVA se reorganiza e se retrai pela perda de umidade. Reorganizado, o PVA forma uma goma de alta resistência que impede a remoção dos pigmentos de seu interior. Ao mesmo tempo, a base de PVA, enquanto hidratada e fluida, consegue penetrar nos poros do material receptor da pintura. Ao sofrer retração e endurecimento, este material se prende nos poros, formando âncoras. Estas âncoras servem de barreira física à remoção da tinta daquela superfície, e a retração faz com que aumente o atrito entre a tinta e a superfície, por exercer força entre as âncoras e a parede do material pintado. Este é o mesmo efeito da cola branca. Basta reparar que quando bem seca e aplicada sobre superfícies porosas, a cola branca oferece grande resistência à sua remoção, levando consigo normalmente uma parte da superfície que fica entremeada de cola, ou quebrando a cola se a superfície possuir estrutura mais forte que o PVA. Com tal semelhança à base das tintas e vista sua maleabilidade e eslasticidade, parece interessante explorar mais a cola branca como possível base para decalque. Outras possibilidades seriam a goma laca e a base impermeabilizante descrita no tutorial deste site, já que todas ficam transparentes ao término da secagem. A desvantagem destas substâncias é que todas elas não fazem bases foscas após a secagem.
Infelizmente surge um novo problema: A cola branca, a goma laca e a base impermeabilizante são todas muito aderentes. Como prender estes materiais à superfície receptora sem também prende-los firmemente à superfície aplicadora? Precisaremos, portanto, de uma superfície aplicadora anti-aderente, como papel encerado, papel manteiga, ou outra superfície impermeável, sem poros ou rugosidades capazes de ancorar a base de decalque. A idéia é simplesmente que a base de decalque tenha muito mais poder de aderência sobre a superfície receptora que sobre a superfície aplicadora. Vale aqui uma explicação: A tinta aplicada diretamente sobre a superfície aplicadora impermeável tenderá a ficar muito frágil, devido à baixa aderência e pequena expessura. Isto exigirá mais demãos de tinta, ou uma base de decalque como sugerida acima. Desta forma, começamos a ter um esboço do que deverá ser o nosso decalque. Uma superfície aplicadora impermeável em uma face, apoiando uma base de decalque fracamente aderida por atrito. Esta base recebe tinta formando uma gravura, e por fim uma nova camada de base de decalque é aplicada sobre a tinta para colar a gravura na superfície receptora. Como a espessura de uma demão de tinta, ou de cola adequadamente diluída normalmente não passa de frações de milímetros, nosso decalque teoricamente será mais fino que a maioria das colagens de estampas adesivas que possamos imaginar
Assinar:
Postar comentários (Atom)
informações e Dicas
1º - Interferências: Por mais que se tente, com a tecnologia atual, não é possivel evitar as interferências, seja no mundo civil ou militar ...
-
1º desenho O primeiro e o segundo estatores , reparem que começa o primeiro estator sentido horário e o segundo anti-horario e pula 4 esta...
-
Podemos considerá-la o coração do aeromodelo, a bateria tem fundamental importância em seu funcionamento. Não me refiro aos elétricos, e si...
-
Aeromodelos cortados a laser estão de popularizando muito no mercado, porém como conseguir distinguir uma boa planta para o corte de laser? ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário