segunda-feira, 24 de julho de 2017

Seu motor muda de regulagem em voo?

Sabe aquela dica matadora que pode melhorar em muito o funcionamento do seu motor a gasolina? Então, esta é uma delas. Em voo, a pressão estática do ar dentro do cowl varia muito, e isso pode afetar o funcionamento do seu motor, fazendo com que a “regulagem varie” conforme a velocidade de voo, causando falhas de funcionamento, a até mesmo panes. Este artigo abordará a parte técnica do funcionamento de um motor a gasolina, com ênfase para seu carburador. Se você gosta de entender como as coisas funcionam, irá gostar muito. Indico a leitura dos seguintes materiais para aprofundar um pouco mais seu conhecimento: - Troca da mangueira; - Conexões do tanque; - Pane de motor; - Limpeza do carburador; - Combustão: mitos e verdades. Primeiramente vamos começar entendo o sistema de bombeamento de combustível, apesar de que não sei se este sistema propriamente dito pode ser chamado de bomba. Ao contrário dos motores glow, que na maioria das vezes utilizam a pressão do escape para “empurrar” o combustível para o carburador, o motor a gasolina possui um sistema de sucção, composto principalmente pelo diafragma. A função básica de um diafragma, da mesma maneira que o similar humano localizado abaixo dos pulmões, é oscilar de um lado para o outro. A peça responsável por isso é um sistema de balancim e mola, presentes logo abaixo. Conforme o motor gira, este sistema pulsa e encosta no diafragma. Este sistema funciona gerando uma “pressão negativa” na linha e sugando o combustível. Esta mola deve possuir uma pressão exata, pois caso contrário a primeira partida do dia será mais difícil, talvez necessitando de um starter (motor de partida). Mas este é um assunto tão importante que merece um artigo exclusivo, vamos voltar ao diafragma. Como o diafragma é coberto por uma tampa metálica, um furo ali foi feito para que o ar sempre esteja com a pressão ambiente, e não gere uma força contrária ao movimento toda vez que ele é acionado. Relembrando as aulas de física da escola, podemos concluir que o acionamento ou não do diafragma é resultado de uma série de forças, podendo ser mecânica ou pneumática. Equacionando as forças de acionamento de uma maneira simples, seria: FAcionamento = FPino do balancim + F Pressão interna + F Mola – F Pressão externa Caso não tenha compreendido a fórmula acima não se preocupe, é apenas um detalhe a mais que resolvi acrescentar. Veja que a pressão externa, aquela que deveria ser a pressão atmosférica, na verdade é a pressão estática dentro do cowl; E está é influenciada pela pressão dinâmica, aumentada conforme a velocidade do aeromodelo, devido às entradas de ar para refrigeração do motor. Consegue ver quão profundo é isso? Basicamente, quanto mais rápido seu aeromodelo vai, maior precisaria ser a força de acionamento do balancim, porém esta força é constante. O que faz o diafragma puxar menos gasolina em altas velocidade, e consequentemente afinar mais o motor (menos combustível para a mesma proporção de ar). E sabe o que geralmente acontece com motor muito afinado? Superaquece e morre em voo! Uma maneira fácil de tentar corrigir isso é realizar uma regulagem “básica” no chão, deixando o motor funcionando perfeitamente, e ir voar. Conforme a percepção de seu funcionamento em voo, você pode fazer um acerto mais fino após o pouso. Mas claro, se a regulagem começar a variar muito, está na hora de limpar o carburador. A melhor maneira de corrigir isso, em conjunto com o procedimento acima, é levanto esta tomada de pressão estática para um local onde a pressão não varie com a velocidade de voo: dentro da fuselagem, e não dentro do cowl. Com as tampas do diafragma vêm apenas com um furo, o ideal é soldar ali uma conexão para mangueira, pode-se utilizar um tubinho de latão para tanque com solda de prata. Neste tubinho você coloca uma mangueira de combustível, deixando sua outra extremidade dentro da fuselagem. Fazendo isso, aquela fórmula lá de cima não será alterada conforme a velocidade de voo. Mantendo seu motor com um funcionamento homogêneo em todas as velocidades e rotações. Outra função desta mangueira é a possibilidade de “descolar” o diafragma após algum tempo com o motor funcionar. Apenas soprando e sugando, você o acionará, facilitando assim a partida. Seria isso um preciosismo exagerado? Talvez, para mim faz todo o sentido físico. Ainda não alterei meus motores, mas assim que possível farei.

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